O conjunto de tradições da Chapada Diamantina é especial e boa parte está ligada a festas religiosas trazendo heranças das crenças dos garimpeiros ou negros. Tecidas por diferentes grupos culturais, as manifestações se materializaram em forma de mitos, festividades e rituais. Estas expressões preservam a identidade do seu povo, sendo passada de geração para geração, através da arte e da oralidade.
Folia de Reis
Para quem gosta de samba regional, não há como deixar de conhecer esta tradição secular. A Folia de Reis consiste em um grupo de pessoas que sai de porta em porta para homenagear os três reis magos, geralmente na véspera do Natal, em dezembro, e vai até o dia 6 de janeiro. Elas tocam, cantam e dançam.
Fanfarras e filarmônicas
Grupos musicais fazem parte do dia a dia na Chapada Diamantina. No fim da tarde, é comum ouvir o ensaio das fanfarras e filarmônicas, que se apresentam principalmente em datas comemorativas, como os aniversários das cidades, festas religiosas e populares. Vale a pena prestigiar os conjuntos e até fazer uma visita à sede das filarmônicas, que, em geral, estão situadas em construções seculares. A Orquestra Filarmônica Lira dos Artistas, em Rio de Contas, por exemplo, funciona na casa que pertenceu a um coronel e mantém a arquitetura do período áureo do garimpo.
Marujada
Um grupo vestido de branco e azul, como marujos, desfilam pelas ruas cantando e dançando músicas que fazem alusão ao mar, às batalhas e aos santos da Igreja Católica. Em Lençóis, é possível conferir esta manifestação cultural na Festa do Senhor dos Passos, que ocorre no fim de janeiro e na festa do Divino em Andaraí.
Terno das Almas
É uma das mais importantes manifestações culturais do distrito de Igatu e de outros municípios da região. Trata-se de um ritual que ocorre durante o período da quaresma. À noite, os moradores saem pelas ruas e cemitérios, envoltos em lençóis brancos, para entoar cânticos de louvor aos mortos.
Jarê
Religião de matriz africana, mais especificamente um candomblé de caboclo, o Jarê é exclusivo da Chapada Diamantina. Uma de suas principais particularidades é o grande sincretismo religioso e a presença de signos característicos da cultura local. Uma das principais casas de Jarê é o Palácio de Ogum, situado em Lençóis, próximo ao Rio Capivara. Em Andaraí são encontradas diversas casas, no centro e na zona rural, e os rituais acontecem durante o ano todo. As casas e datas dos festejos podem ser consultadas no site www.jare.redelivre.org.
Terno das Pescadoras
Manifestação cultural promovida em Andaraí por Dª. Zélia Costa Silva, em parceria com o grupo “Feliz Idade” e mais 40 mulheres, as quais se denominam de comadres. O Terno das Pescadoras ressalta a importância dessa atividade em meio ao uso das águas do Rio Paraguaçu e seus afluentes na vida econômica da comunidade andaraiense. Por meio de cantigas, cirandas e marchinhas, o grupo, com seu rico figurino e coreografias, expressa a riqueza do patrimônio imaterial local e do território da Chapada Diamantina.
Capoeira
Em praticamente todos os municípios da Chapada Diamantina, existem grupos de capoeira que se apresentam nos centros das cidades, geralmente nos fins de semana. Considerada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco, a roda de capoeira mescla aspectos de dança e luta, em meio à musicalidade afro-brasileira. A atividade foi disseminada no Brasil através dos africanos, que tinham, na capoeira, uma forma de lazer e resistência. Entre os coletivos de capoeira angola, regional e contemporânea se destaca o grupo Corda Bamba, organizado por Mestre Cascudo que já revelou grandes capoeiristas como Ailton Carmo, protagonista do filme “Besouro” (2009).
Samba de Roda
Seu som contagiante, dançado pelas baianas com suas saias rodadas, é produzido por um conjunto de pandeiro, atabaque, berimbau, viola e chocalho. O Samba de Roda emergiu no Recôncavo baiano no século XIX e foi um forte propagador dos conhecimentos da cultura africana, como a capoeira e o culto aos orixás.