RUI REZENDE COMPLETA MAIS DE 500 HORAS DE VOO PELA BAHIA COM FOTOS BELÍSSIMAS DA CHAPADA DIAMANTINA

Em 13 set 2022, por Bruno Sales.

Dez anos depois de lançar o livro Chapada Diamantina – Um Paraíso Desconhecido, o baiano Rui Rezende segue buscando os melhores ângulos para registrar ainda mais as belezas da nossa região. As fotos mais recentes foram feitas do alto, de um helicóptero, sobrevoando cidades como Andaraí e Mucugê. O Portal Guia Chapada Diamantina teve acesso a alguns desses registros feitos para o mais novo livro de Rui, intitulado Bahia Aérea. “Apesar de eu ter trabalho em diversos locais do Brasil e até fora daqui, o meu cartão de visitas é o que produzo há anos na Chapada. Tenho orgulho disso, pois a minha relação com este lugar é muito forte”, conta Rui Rezende. 

Rui Rezende – Foto: Divulgação

A paixão por voar, o amor pela fotografia e um carinho especial pela Bahia, levaram o baiano a fazer mais de 128 mil fotos aéreas dos quatro cantos do estado. Nos últimos dez anos, Rui passou aproximadamente 500 horas voando em todo tipo de aeronave. A bordo de parapente, paramotor, paratracker, balão, flyboat, girocóptero, helicóptero e avião, o fotógrafo atravessou o céu da Bahia. Rui sobrevoou desde a capital até as cidades mais remotas. Passou por lugares pouco frequentados, nunca fotografados antes.

Abstrata Foz do Rio Garapa, Andaraí – Foto: Rui Rezende

Com mais de 23 anos de carreira, o baiano fez registros tanto da flora, quanto da fauna, além das manifestações culturais, costumes e personagens da vida real. Fotografou ainda festas como a de Yemanjá, realizadas em Salvador e em Barreiras. Paisagens como cachoeiras, montanhas e praias. Assim como diversos tipos de meios de transporte, a exemplo de cavalo, bicicleta, trator e navio. O desafio de Rui Rezende agora é selecionar 240 das mais de 128 mil fotos para o seu oitavo livro, intitulado Bahia Aérea, previsto para ser lançado no próximo mês de outubro.

Vale do Pati, Andaraí – Foto: Rui Rezende

A obra também vai trazer Parques Nacionais belíssimos, mas ainda pouco divulgados, como o do Alto do Cariri e do Grande Sertão Veredas. Além da agricultura, desde a familiar ao agronegócio. Bem como feiras livres, portos e aeroportos, estradas, pontes, indústrias e arquitetura típica de cada região. Tudo isso pelo olhar diferenciado do experiente fotógrafo, com o uso dos melhores equipamentos existentes no mundo. Cliques feitos de cima dos quatro cantos do estado. Detalhe: nenhum deles de drone.

Pernoite no Vale do Pati, Andaraí – Foto: Rui Rezende

O baiano tem como premissa o respeito pelas pessoas e pelos lugares. Apesar das obras de arte pintadas pelas suas lentes, Rui Rezende não gosta de ser chamado de artista. “O artista é Deus, eu sou apenas o retratista”, define o amargosense, sobrevivente de um acidente aéreo.

ACIDENTE

O lançamento do oitavo livro do fotógrafo acontece oito anos depois da queda do avião em que ele voava para fazer fotos para esse livro. O baiano fotografava um desenho gigantesco feito numa lavoura de algodão, por ele mesmo e mais 7 pessoas, com a ajuda de duas máquinas e cordas. A aeronave caiu no dia 24 de julho de 2014, no município de Barreiras, no oeste do estado.

Plantação com Pivô Central, Mucugê – Foto: Rui Rezende

Rui ficou 42 dias internado, sendo dez deles em coma. Ele precisou passar por seis cirurgias. Ele buscava o melhor ângulo para uma foto quando a aeronave veio ao chão. Rui Rezende foi levado para o Hospital do Oeste. O amargosense sofreu trauma na coluna, pé, braço e chegou a perder uma parte do intestino. Saiu do hospital sem conseguir mexer as pernas. Foram necessários mais de seis meses de fisioterapia para conseguir voltar a andar sem muletas. Com 33 parafusos espalhados pelo corpo e 60 cm a menos de intestino, ele conta que não há nenhuma limitação nos movimentos e que se sente cada vez mais motivado a fotografar.

Vale do Pati, Andaraí/Mucugê – Foto: Rui Rezende

Apesar do susto do acidente, Rui não perdeu a paixão por voar. Um encanto que lhe acompanha desde a infância, quando pensava em ser piloto da Força Aérea Brasileira (FAB). “Voar e fotografar são as melhores coisas que a gente pode fazer vestido. Se uma mariposa passar em minha frente e me disser que me aguenta, eu monto nas asas dela e saio voando”, brincou o fotógrafo, que já saltou algumas vezes de paraquedas. O baiano tem sido tão determinado nesse trabalho que, depois da queda do avião, a primeira foto que ele fez foi aérea e para esse livro.

Para fazer o registro, o amargosense sobrevoou de helicóptero uma das maiores festas populares de Salvador, a procissão marítima do Bom Jesus dos Navegantes. “Foi no dia 1° de janeiro de 2015. Fretei o helicóptero para voar e retratar esta procissão, já pensando no meu livro com fotos aéreas do estado da Bahia”, contou Rui, que seguiu trabalhando para a sua oitava obra.

Morro Branco do Pati, Mucugê – Foto: Rui Rezende

SOBRE RUI REZENDE

Rui nasceu em Amargosa, região do Vale do Jiquiriça, onde vendeu limão na feira, teve criação de codornas e também plantou frutas e legumes na fazenda da mãe. Aos 17 anos, se mudou para trabalhar e estudar em Salvador, onde se encantou pela fotografia, ao se tornar funcionário de um laboratório fotográfico. Na época, a câmera era analógica e a revelação manual (ainda no quarto escuro). Autodidata, Rui aprendeu a fotografar na prática, observando as próprias imagens e criando técnicas. Naquele tempo só era possível ver o resultado das fotos quase 30 dias depois de tiradas. Quando fotografava o interior, ele precisava voltar para Salvador para revelar dezenas de filmes.

O amargosense comprou sua primeira câmera em 1999 e a partir de 2003 passou a dedicar-se quase que exclusivamente a fotografia de natureza.

Em 2011, lançou a primeira das suas sete obras. Rui é conhecido pelo olhar minucioso e rigoroso, assim como pelas técnicas usadas na hora da foto. Ele não faz nenhuma intervenção nas suas imagens pelo computador, além de correção de cores e luz.

O retratista é autor dos livros “Amargosa Nossa Terra Nossa Gente”, “Vaqueiros do Raso da Catarina”, “Oeste da Bahia – o Novo Mundo”, “Chapada Diamantina um Paraíso Desconhecido”, “Encantos de Tinharé”, “Cairu – Cidade do Sol” e também da publicação “Unidades de Conservação do Estado da Bahia”. Folhear um livro de Rui Rezende é viajar por lugares fantásticos, vendo as pessoas e a natureza de uma maneira especial.

O livro Bahia Aérea promete e muito e já é esperado por milhares dos seguidores de Rui que têm acompanhado as expedições aéreas do fotógrafo, pelo Instagram @ruirezendefotos.

Barragem do Pindobaçu, em Jacobina – Vídeo: Rui Rezende
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