Uma das melhores infraestruturas hoteleiras da região, o Hotel de Lençóis completou este ano 30 anos de existência e sucesso. Como primeiro empreendimento do segmento da Chapada Diamantina, sua trajetória se mistura com a da região. Falar sobre o hotel é quase como relembrar momentos importantes da história local, como o período de garimpo de diamantes, e, principalmente, entender como o turismo em Lençóis iniciou e como vem se desenvolvendo.
Até chegar em 2009, quando foi certificado pela ABNT como hotel sustentável e, em 2011, quando ganhou o MPE Brasil (Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas) realizado pelo Sebrae, a caminhada foi longa: começou em 1978, ano em que o Governo do Estado comprou o casarão colonial do séc. XIX para transformá-lo no primeiro empreendimento hoteleiro estatal da Bahia.
Por amor às montanhas e às cachoeiras, em 1982, o baiano Dionísio S. Martins e sua esposa, a americana Rebecca Stephenson, resolveram encarar o desafio e comprar a pousada. Quando chegaram o turismo ainda não existia, os únicos hóspedes eram os viajantes de Brasília a Salvador, e a infraestrutura da cidade era precária.
“Os alimentos que abasteciam Lençóis vinham no lombo dos burros através da trilha que liga o Vale do Capão a Lençóis e no restaurante da pousada ainda era servida carne de animal silvestre”, lembra Dionísio.
Para garantir a ocupação, já que a Chapada Diamantina ainda não era conhecida como destino turístico, Dionísio organizava excursões com estrangeiros e começou a bater de porta em porta nas agências de turismo de Salvador apresentando a sua hospedagem. Assim começaram a chegar os primeiros visitantes.
Mas a tarefa ainda não estava cumprida. Era preciso oferecer mais do que um bom local para dormir, o mais importante era mostrar as paisagens da Chapada Diamantina. Assim, o próprio empresário começou a fazer papel de guia turístico. “A época só existiam dois passeios, o Serrano, em Lençóis, e o Morro do Pai Inácio, em Palmeiras, e eu mesmo levava o pessoal. Depois foram surgindo outros atrativos, como o Ribeirão do Meio e a Cachoeira da Fumaça”, conta.
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Conforto e preservação
Durante as três décadas, o empresário diz que nunca ficou um só dia sem realizar uma obra no local. A pousada de 18 quartos tornou-se um hotel de 50 apartamentos totalmente integrado à natureza, em uma área verde de 50 mil m², e com instalações confortáveis, dispondo de piscina com deck molhado, hidromassagem aquecida, sauna, quiosque de massagem, restaurante e bar.
Sem falar nos espaços especiais que valorizam a história e a cultura local, como a biblioteca com livros que falam sobre a Chapada Diamantina e o Brasil, algumas relíquias datadas de 1819 e 1916. Ou no pequeno museu, que resguarda peças antigas da região, como quadros, porcelanas e maquinários utilizados no garimpo e na lapidação de diamantes.
Muitos desses utensílios foram heranças dos antigos moradores do local, já que o casarão, após ter sido moradia do Coronel Odorico Magalhães Macedo, em 1885, passou a ser a oficina do lapidário Luis Cerqueira, local onde durante quase cem anos inúmeras pedras foram transformadas em almejados brilhantes.