Chapada Diamantina (BA) — A grave estiagem que atinge o estado da Bahia tem provocado impactos severos em diversas regiões, com destaque para a Chapada Diamantina, onde pelo menos oito municípios turísticos já decretaram Situação de Emergência. A combinação de seca prolongada, altas temperaturas e o aumento dos incêndios florestais tem colocado em risco o abastecimento de água e a produção agrícola.
Municípios como Lençóis, Andaraí, Piatã, Morro do Chapéu, Wagner, Abaíra, Itaberaba e Seabra integram a lista das cidades que já publicaram decretos reconhecendo oficialmente o cenário de calamidade. As administrações locais apontam a escassez de chuvas e os focos de incêndio como fatores centrais da crise — que afeta desde a zona rural até setores essenciais da economia, como a agricultura familiar.
Além da dificuldade de acesso à água para consumo humano e animal, muitos desses municípios vêm enfrentando prejuízos significativos na produção agrícola, especialmente nas lavouras de subsistência. Em Lençóis, por exemplo, o decreto cita o risco para as nascentes de rios importantes e a necessidade urgente de mobilização de recursos para prevenção e combate a incêndios florestais, além de assistência à população.
A situação segue uma tendência alarmante em todo o estado da Bahia, que vive um dos períodos mais secos dos últimos anos. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) tem emitido alertas constantes de onda de calor e baixa umidade relativa do ar, criando condições propícias para a propagação de incêndios.
Apesar da situação, lideranças regionais apontam o turismo como uma alternativa importante para mitigar os impactos econômicos nas comunidades locais. Para Vanessa Senna, prefeita de Lençóis e presidente do Consórcio Chapada Forte, é essencial equilibrar o enfrentamento da estiagem com estratégias que fortaleçam a economia e valorizem o patrimônio natural da região:
“A estiagem tem causado prejuízos significativos à agricultura e à criação de animais em nossa zona rural, que são atividades essenciais para a região. No entanto, acreditamos no potencial do turismo como alternativa econômica nesse momento difícil. Apesar da seca, as paisagens da Chapada Diamantina continuam deslumbrantes, e a atividade turística pode impulsionar a economia local, gerar renda e fortalecer nossas comunidades. Estamos trabalhando para superar os impactos da estiagem com união, criatividade e valorização das nossas riquezas naturais e culturais”, destacou Vanessa.
Segundo o jornal Tribuna da Bahia, diante do agravamento da seca no estado, o governador Jerônimo Rodrigues intensificou os esforços junto ao Governo Federal e à União dos Municípios da Bahia (UPB), buscando soluções para reduzir os impactos da estiagem e garantir assistência imediata às comunidades afetadas.
Na última quarta-feira (9), em Brasília, Jerônimo se reuniu com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, acompanhado por secretários estaduais, prefeitos da Bahia e membros da Defesa Civil Nacional.
Durante o encontro, apresentou um plano de ação para enfrentar a estiagem, com medidas de curto e longo prazo — incluindo o envio de carros-pipa, perfuração de poços e melhorias na infraestrutura hídrica. O governador destacou a necessidade de uma resposta articulada e urgente. “Não se trata apenas de socorro imediato, mas de ações estruturais que assegurem o acesso à água e respeitem a dignidade das famílias do semiárido”, declarou.
No âmbito municipal, o prefeito de Andaraí, Wilson Paes Cardoso, vem desempenhando um papel ativo, promovendo reuniões com autoridades estaduais e federais. Ele tem solicitado mais rapidez na liberação de recursos e o fortalecimento das brigadas de combate aos incêndios. Em declaração à imprensa local, reforçou: “Estamos diante de uma crise que vai além da seca — é uma questão humanitária e ambiental, que exige uma resposta integrada e duradoura.”
Com o objetivo de priorizar os esforços no enfrentamento da situação, algumas prefeituras já começaram a tomar medidas adicionais. Em Lençóis e Wagner, por exemplo, todos os eventos organizados pela gestão pública agendados até o fim de maio foram suspensos. Eventos realizados por terceiros, no entanto, continuam na programação, até o momento sem notificações oficiais de cancelamento.
É fundamental que moradores, comerciantes e turistas adotem atitudes de uso consciente da água. Evitar desperdícios, reutilizar sempre que possível e manter hábitos sustentáveis são gestos simples, mas essenciais neste momento.
A Chapada Diamantina enfrenta mais um de seus muitos desafios históricos, mas segue firme, resiliente e acolhedora. O momento exige ações conjuntas entre poder público, setor produtivo e sociedade civil, com foco na proteção da vida, do meio ambiente e da dignidade das populações atingidas.
Por Thais de Albuquerque. 11/04/2025.
Foto em destaque: Vale do Pati, por Tarcisio Albuquerque