Contra Fogo é um livro que narra a história de personagens que são verdadeiros heróis: os brigadistas voluntários de incêndios florestais que trabalham nas matas e reservas ambientais brasileiras. Os incêndios na Chapada Diamantina e os desafios enfrentados nessa tarefa complexa serviram de pano de fundo para o primeiro romance escrito pelo analista ambiental Pablo Casella.
O romance de estreia de Pablo Casella aborda um tema urgente com uma prosa bela e original. E de tão natural e cheio de cores locais, que parece ter brotado direto do chão da Chapada Diamantina.
Um grupo de brigadistas voluntários, entre eles Cunga, Zia, Trote, Jotão, Adobim, Firóso e Abner, mais o cachorro Mutuca, são liderados por Deja, narrador deste romance. Moradores da região da Chapada Diamantina, na Bahia, eles arriscam a própria vida para deter o avanço descontrolado das chamas que devoram a fauna, a flora e os rios. Sem poder aguardar a ação das autoridades burocráticas, eles aprenderam a apartar a briga do fogo com a terra na marra. Sobretudo nos tempos de seca, em que se enfiam nas matas por dias e dias, sem descanso. Cada um desses personagens expande ao seu modo esse universo peculiar, mas é a visão de Deja, personagem principal, que torna tudo complexo e vivo.
O livro é lançado pela editora Todavia e enquadra-se no gênero de ficção. O design da capa é assinado por Elisa V. Randow e Fabricio Lopez. A obra tem 320 páginas e custa R$ 79,90. Há também a versão E-book no valor de R$ 49,90. Para adquirir a obra, clique aqui.
Quanto tempo você levou para elaborar o romance?
Houve um período de criação e escrita mais intensivos, no qual considero ter gasto 18 meses. No entanto, após esse período, movido por uma inconsequente busca por um nível irreal de qualidade, promovi a reescrita de diversos trechos. Além disso, algumas pessoas bem argutas realizaram leituras críticas que suscitaram outros tantos ajustes. Considerando essas duas fases, de setembro de 2020 até janeiro de 2024, quarenta meses se passaram para deixar Contra Fogo no ponto em que chegará às livrarias.
Podemos considerar que é uma obra “inspirada em fatos reais”?
O romance “Maria Dusá”, de Lindolfo Rocha, publicado em 1910, me inspirou, de certa forma, nesse sentido. A trama que lemos em Dusá envolve, certamente, personagens e situações fictícios. Mas também me parece muito plausível entender que a ambientação utilizada por Lindolfo, a descrição de lugares das serras de Mucugê, Igatu, Andaraí, de técnicas garimpeiras, são praticamente documentais. Quero crer que fiz algo assim, contei uma história fictícia com um cenário documental.
As personagens foram inspiradas em brigadistas que você conhece?
Certamente, as personagens de Contra Fogo são, cada uma, quimeras de várias personalidades de brigadistas que conheci nesses vinte anos de trabalho com eles. Ou seja, não é que tal personagem do livro representa um brigadista específico, mas um conjunto de temperamentos e eventos que testemunhei ou soube existir dentro os brigadistas da Chapada. Sobretudo, desejei que essas personagens fossem homenagens realistas aos brigadistas, sem exageros, em todas as suas humanidades.
O lançamento terá algum evento presencial ou on-line no dia 08/03/2024?
O dia 08 de março será marcado pela chegada dos livros nas livrarias, mas o primeiro evento de apresentação do livro será uma festa popular, de rua, em Palmeiras, na Chapada Diamantina, no dia 13 de abril. Depois desse, outros eventos presenciais deverão acontecer entre abril e maio, em São Paulo e em Brasília, em datas a serem confirmadas.
Terá algum ponto de venda na Chapada Diamantina?
No evento em Palmeiras-BA haverá um preposto de uma livraria que, em parceria com a editora Todavia, estará com livros à venda. Infelizmente, até o momento eu ainda não sei se haverá algum ponto de venda permanente na Chapada.
Pablo Casella nasceu em Guaratinguetá-SP, em 1978. Formado pela Universidade de São Paulo, atua como analista ambiental no Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o ICMBio, onde, de 2002 a 2022, fez parte da equipe gestora do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia.
Durante esses 20 anos, dedicou-se aos incêndios florestais e gestão da brigada contratada. Em alguns momentos, como apoio ao gerente do fogo do PNCD, em outros momentos como o próprio gerente do fogo.
Um dos problemas ambientais que mais aflige a Chapada Diamantina é o incêndio criminoso. Todos os anos, a região sofre com as queimadas, que devastam grandes áreas do Parque Nacional e outras áreas de conservação. Os incêndios afetam tanto a biodiversidade como o fluxo e qualidade da água, além de demandar um trabalho extremamente arriscado dos brigadistas contratados, voluntários, corpo de bombeiros e defesa civil para conter o avanço das chamas.
Segundo o ICMBio, o fogo natural é muito difícil de ocorrer. Infelizmente, o ser humano é o principal responsável pela devastação. Por isso, recomenda-se que os visitantes sejam acompanhados por guias habilitados e usem apenas fogareiros portáteis para o preparo de alimentos. E, em hipótese alguma, façam fogueira, coloquem fogo em papéis ou no mato seco. É fácil perder o controle da situação com os fortes ventos e o tempo seco.
Seja um turista consciente e faça sua parte, seguindo as instruções de visitação propostas pelo ICMBio. Desta forma, você contribui para a preservação deste santuário ecológico e não coloca vidas em risco.
Lembre-se: colocar fogo no Parque Nacional é crime e, além de multa, pode resultar em processo civil e criminal.
Para denúncias, ligue ICMBio (Instituto Chico Mendes): (75) 3332-2418 / 3332-2310 ou envie e-mail para parnadiamantina@icmbio.gov.br.
Por Thais de Albuquerque – Redação Flora, em 04/03/2024.
