Com diversos conjuntos arquitetônicos, a Chapada Diamantina é famosa pela diversidade de suas construções. Caminhar pelas ruas de pedras contemplando os casarios, as praças e as igrejas, nos leva aos séculos passados, quando a região fez história com os ciclos do ouro e diamante.
Selecionamos alguns destaques deste vasto e incrível acervo. Confira!
Rio de Contas foi a primeira cidade planejada do país, apresenta praças e ruas amplas, igrejas barrocas, com edifícios da segunda metade do século XVIII e início do XIX. É uma das raras “cidades novas” coloniais, criada por Provisão Real, de 1745, que recomendava traçado regular e arquitetura capaz de garantir seu embelezamento.
Cadeia e Casa de Câmara
Este casarão abrigava a cadeia mais temida de todo alto sertão da Bahia, que ficava no andar térreo, junto com a casa do carcereiro e do corpo-de-guarda. No segundo andar era o local da Câmara e da Audiência. O prédio presenta como particularidade o sino-do-povo, instalado na ombreira de uma das janelas do segundo pavimento.
Está localizado na Praça Senador Tanajura, antiga Praça da Matriz, com imensa visibilidade. Sem dúvidas, é o casarão mais fotografado da cidade.
Igrejas de N.S. Santana
Esta igreja é um exemplar raríssimo com três naves e capela-mor, que se comunica com as sacristias laterais. Construída por escravos na primeira metade do Século XVIII, ela nunca foi concluída. As obras foram paralisadas em torno de 1850, quando ocorreu o êxodo da população local para as minas de diamante de Mucugê, Lençóis e Andaraí.
Em 1914, em decorrência de fortes chuvas, o telhado da igreja desabou. Somente em 1960, após ter sido tombada pelo IPHAN, foram realizadas novas obras a fim de preservá-la.
Igreja Santíssimo Sacramento
A Igreja Matriz é o melhor exemplar de arquitetura religiosa que se conserva em todo o sertão baiano. Foi construída no século XVIII, e não foi concluída. Sua construção foi feita em alvenaria de pedra, pela mão escrava, e ostenta notável carpintaria. O altar-mor e os dois laterais são todos revestidos e folheados a ouro. No forro da capela-mor existe uma pintura ilusionista, de inspiração italiana.
Situada ao norte da Chapada Diamantina, a cidade de Morro do Chapéu tem um rico acervo natural, com cachoeiras, e também histórico-cultural, pois abriga sítios arqueológicos e cavernas, a exemplo da Gruta dos Brejões. Nos arredores da cidade, está a Vila do Ventura, o maior centro de diamantes da região no início do século XX. Por uma trilha de 6km, chega-se à Cachoeira do Ventura. Nas proximidades, o sítio arqueológico Cidades das Pedras é uma área de grande afloramento de arenitos, com curiosas formas e um belo conjunto de pinturas rupestres.
Igreja Matriz Nossa Senhora da Graça
Em 1794, a fazenda Morro Velho recebeu a visita do missionário Capuchinho Frei Clemente de Adorno, que durante sua viagem, rezou ali uma missa, construiu um pequeno cemitério e foi embora, deixando os moradores locais entusiasmados para que construíssem uma capela. Em 1800, os próprios moradores dão início às obras daquela que se tornaria a Igreja Matriz da cidade. Esta Igreja foi uma das mais belas da região, não só pela fachada, mas pelos trabalhos artísticos na parte interna.
Vila do Ventura, distrito de Morro do Chapéu
Por volta de 1840, garimpeiros foragidos de Lençóis se abrigaram próximo à atual fazenda Várzea da Cobra. Um desses garimpeiros chamava-se Ventura. Em pouco tempo, descobriram diamante e carbonato na região e instalaram um pequeno garimpo ali. Passaram, então, a vender as pedras em Lençóis, tendo sido o garimpeiro Ventura, o responsável pela venda dos primeiros diamantes. O nome “Ventura” tornou-se referência e o local começou a atrair muitos outros garimpeiros, que começaram a povoar as terras em torno da área.
Logo, a pequena vila entra em decadência em razão da Guerra do Paraguai, pois quase todos os homens foram recrutados para as batalhas. Após a guerra, a vila volta a crescer, atraindo aproximadamente 12 mil residentes, e atinge seu apogeu, com forte comércio, escolas, correios e capelas.
A Vila entra em decadência novamente, após a retração do mercado de carbonato mundial. Atualmente, só três famílias moram no distrito que guarda ruínas e casarões, em suas ruas de pedras.
Casarão da família Grassi
No inicio do século XX, a família italiana Grassi vivia neste casarão. O pai da família chamava-se Giuseppe, mas era chamado de “Giuseppino”. Como a família era dona de boa parte das terras no entorno da Vila, daí veio o nome de “Toca do Pepino”, uma toca muito conhecida atualmente, que abriga diversas pinturas rupestres.
O acervo de Lençóis é constituído por edifícios da segunda metade do século passado, construídos com diferentes técnicas, predominando o adobe, com destaque para as cores vivas.
IPHAN
“Abrigou, por muito tempo, a Casa de Câmara, no térreo, a Cadeia pública, no subsolo, e, posteriormente, a Prefeitura da cidade. A arquitetura dessa edificação faz com que seja um belo exemplar do estilo eclético”, afirma a arquiteta e urbanista Liziane Peres Mangili, especializada em preservação e restauração do patrimônio histórico. Segundo o historiador Delmar de Araújo, o modelo dos leões foi uma inspiração do coronel César Sá, um de seus moradores, que, em viagem à Europa, inspirou-se na arquitetura do Palácio de Alhambra, situado em Granada, na Espanha.
UEFS
“Em estilo neogótico, o sobrado está situado na esquina da Praça Horácio de Matos. Como reação ao neoclássico, o estilo se difundiu e, no final do século XIX, teve grande aceitação, principalmente nas cidades de Lençóis e Andaraí”, explica o historiador.
Antigo Vice-Consulado Francês
“Com decoração neogótica, o prédio funcionava como ponto para o comércio de diamantes do Sindicato Francês, atividade que o fez ser reconhecido como Vice-Consulado daquele país durante o auge desse minério. Atualmente, funciona como casa residencial no andar superior e comércio na parte de baixo”, descreve o historiador Delmar.
Mercado Cultural
“Erguido do final do século XIX a 1940, o atual Mercado Cultural de Lençóis já foi espaço da feira livre, do primeiro cinema da cidade, da locação do filme ‘Diamante Bruto’ (de Orlando Senna), de bailes e até da primeira TV da cidade, em torno da qual as pessoas se reuniam para ver o telejornal, as novelas e os jogos da Copa do Mundo. Sua fachada voltada para o rio Lençóis, com as pedras aparentes, possibilitou uma perfeita integração com o cenário natural, dando um aspecto paisagístico peculiar à cidade”, explica Liziane.
Ponte sobre o Rio Lençóis
Em 1859, houve uma crise econômica na cidade, provocada pela seca. A fim de gerar emprego e renda para a população, o governo do estado iniciou a construção da ponte, em 1860. “Três arcos plenos, também conhecidos como arcos romanos, formam essa ponte, de aspecto forte e maciço. Originalmente, ela tinha revestimento de reboco, que foi removido durante a obra do Programa Monumenta, no ano 2000, com o intuito de deixá-la mais integrada ao leito do rio. Alguns escritores contam que a argamassa foi composta por clara de ovos e azeite de mamona”, descreve Liziane.
Igreja Nossa Senhora do Rosário
Construída em 1830, é a maior igreja do sertão baiano.
A vila de Igatu, que atualmente possui em torno de 500 habitantes, já foi uma das principais áreas garimpeiras da região. Além dos casarios e igrejas históricas, ainda possui as famosas ruínas de pedra, um dos resquícios da época do garimpo.
“Por usarem pedras irregulares, de diversos tamanhos e formatos, os garimpeiros construíam a maioria das paredes das casas e os muros como um sanduíche: por fora, colocavam as pedras maiores, e por dentro, como uma espécie de recheio, pedras menores, como o cascalho. Muitos muros e paredes eram feitos com junta seca, usando-se pequenas lascas de pedra incrustadas. As argamassas de assentamento ou de revestimento (reboco) eram feitas com barro e cinzas, para dar a liga, cobertas com palha ou telhas. Por usar materiais locais e reaproveitados de outra atividade, essas habitações podem ser consideradas extremamente sustentáveis”, destaca Liziane.
Nesta linda cidade, foram descobertos os primeiros diamantes da Chapada Diamantina, em 1844. Uma de suas atrações mais interessantes é o único cemitério de estilo bizantino do Brasil, que chama a atenção de quem chega à cidade. Casarios e praças floridas embelezam a cidade que também é tombada como patrimônio nacional pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e foi construída nas margens da Serra do Sincorá.
Cemitério Bizantino
Construído de 1854 a 1886, o cemitério de Santa Izabel está na encosta rochosa da Serra do Sincorá. A escolha do lugar foi resultado da presença de uma epidemia de cólera, que levou a igreja a proibir os enterros no templo religioso. Possui um conjunto de mausoléus que reproduzem miniaturas de fachadas de igrejas e capelas caiados de branco, o que lhe valeu o nome de “cemitério bizantino”.
Igreja Matriz de Santa Isabel
Erguida em meados do século XIX pelo frei Caetano de Troyria, com grande auxílio da população. Tem fachada neoclássica, possui três naves internas e um coro em formato de U. Passou por uma restauração, através do IPHAN, em 2014.
Fontes:
Arquivo Noronha Santos, do IPHAN.
Sites: Ensinar História e Guia Rio de Contas
Foto do Destaque: Branco Pires