Ivana Paixão, filha da Chapada Diamantina – Bahia, é anunciada como finalista no concurso mais importante da beleza negra do país. O Ilê Aiyê revelou, em 16 de janeiro, as 15 finalistas que irão disputar o cobiçado título de Deusa do Ébano 2025, cuja coroação acontece durante a 44ª edição da Noite da Beleza Negra, no próximo dia 15 de fevereiro, na Senzala do Barro Preto, em Salvador.
Ivana é natural de Lençóis, neta de garimpeiros, filha das águas e deusa de nascença. Ela é mãe, multiartista, afro empreendedora, guia de turismo e estudante do curso profissional em danças pela Funceb.
Para Ivana, ser Deusa do Ébano é tomar posse de si, reconhecer-se enquanto herdeira da força, da beleza, da potência da ancestralidade que reside em cada mulher negra. Significa, acima de tudo, ser fonte de inspiração para outras mulheres, mostrando que a beleza é multifacetada e digna de ser celebrada em todas as suas formas.
“Para mim, concorrer ao título é um reconhecimento da rica herança cultural que permeia a história de resistência e sabedoria de meus ancestrais, é abraçar a minha própria identidade, ser corpo político ancestral com todas nuances e entender que a pele, os cabelos e os traços que carrega são símbolos de uma história poderosa”, afirma ela.
O concurso Deusa do Ébano, realizado desde 1979, celebra a beleza negra em um evento que subverte os padrões tradicionais dos concursos de beleza. Inspirado nas Rainhas do Carnaval, a festa ocorre na Noite da Beleza Negra, promovendo um exercício de autovalorização e enfrentamento aos discursos racistas.
O evento, que antecede o Carnaval, inicia-se com um cortejo coreografado e segue com apresentações das candidatas em trajes tradicionais do Ilê Aiyê e fantasias criativas. A eleita, escolhida por um júri, recebe o manto da deusa anterior, torna-se destaque no desfile do bloco e participa de suas atividades ao longo do ano, representando a força e o orgulho da identidade negra. O concurso não é apenas uma celebração estética, mas também um espaço de conscientização étnico-racial, contribuindo para o empoderamento social e político das mulheres participantes.
Entre 180 inscritas de diversas regiões do país, 15 musas foram escolhidas para participar da seleção que coroará a Rainha do Ilê deste ano. A grande decisão irá ocorrer no dia 15 de fevereiro de 2025, na 44ª edição da festa Noite da Beleza Negra, Dia 15 de Fevereiro 2025, na Senzala do Barro Preto – Liberdade/Curuzu, em Salvador.
A estreia oficial da nova Deusa do Ébano ocorrerá no Carnaval de Salvador 2025, quando o tema do bloco será “Kenya: Berço da Humanidade”. Ao subir no trio para arrastar a multidão, a rainha abre os caminhos e guia o cortejo do Mais Belo dos Belos durante a festa popular.
2025 é um ano especial para o A trajetória do Ilê Aiyê, que comemora 50 anos de atiidades que iluminam, inspiram e lutam pela igualdade racial através da música, dança e cultura afro-brasileira. Fundado em 1974 por moradores do bairro do Curuzu, em Salvador-BA, o Ilê Ayê é um grupo cultural que promove a expansão da cultura de origem africana no Brasil. A expressão significa, em língua iorubá, “Mundo negro” ou “Casa de negro” ou ainda “Casa da Terra”.
Criado com a proposta de ser um bloco negro, sua primeira apresentação ocorreu no carnaval de 1975, tendo participação de menos de cem pessoas. Nela o grupo apresentou a famosa música “Que Bloco é Esse”, de Paulinho Camafeu:
“Que Bloco é esse / Eu quero saber / É o mundo negro / Que viemos cantar para você”
O objetivo da entidade é preservar, valorizar e expandir a cultura afro-brasileira. Para isso, desde que foi fundado, vem homenageando os países, nações e culturas africanos e as revoltas negras brasileiras que contribuíram fortemente para o processo de fortalecimento da identidade étnica e da autoestima do negro brasileiro.
Foto: Alex Carvalho em WikipediaIlê Aiyê foi responsável por uma enorme Revolução Cultural no Brasil. É frequentemente mencionado que em Salvador, antes da fundação de Ilê Aiyê, homens e mulheres negros nunca usavam vestes coloridas, muitas vezes não entravam pela porta da frente, não usavam penteados, e as mulheres negras não usavam batons “chamativos” – tudo por causa da estigmatização racista de séculos. Esta situação foi profundamente alterada para muitos negros a partir de 1975 graças aos processos de empoderamento que o Ilê Aiyê implementou através da Música e do enaltecimento da Cultura e História Africanas.
O atual diamante da Chapada Diamantina tem nome e sobrenome: Ivana Paixão, que vem simbolizando a força, a beleza e o elo com a natureza. A trajetória de Ivana não é apenas uma história de conquista pessoal, e sim a resistência do povo de toda a região. A torcida por sua vitória é grande. Nas redes sociais, seguidores, admiradores e todos aqueles que vêem na pele de Ivana a força e a representatividade negra, torcem por ela!
Mas além de torcer, você pode contribuir com a participação de Ivana, que precisa de apoio financeiro para o tão esperado desfile que irá selecionar a Deusa do Ébano. “Até agora não consegui apoiadores. O tempo é curto e ainda preciso viabilizar figurino, estilista, preparadora e costureira, entre outros profissionais necessários para o grande dia”, diz Ivana.
As pessoas, empresas e instituições que se juntam a essa jornada têm a oportunidade de associar suas marcas a uma causa nobre, contribuindo para o crescimento da arte e da cultura da Chapada Diamantina.
Acompanhe Ivana Paixão pelas redes sociais!
Por Thais de Albuquerque.