Da redação – 22 de dezembro de 2022
A Chapada Diamantina é reconhecida mundialmente pela riqueza de sua fauna e flora. Sua biodiversidade, com ampla diversidade de espécies endêmicas e dezenas de unidades de conservação, impressiona até os especialistas.
Segundo Cezar Neubert Gonçalves, doutor em Botânica, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), são cerca de 440 espécies de plantas endêmicas e 70 espécies de animais endêmicos na Chapada Diamantina.
Ele comenta que há casos curiosos, como o da batata-da-serra, que foi descrita em 2016 e do bagre-albino-do-poço-encantado, descoberto pelo guia de turismo Luiz Krug, descrito para a ciência em 2010. O grupo de plantas com o maior número de espécies endêmicas é a Microlicia, com 38 espécies.
Entre os animais, os peixes são os destaques, com cerca de 30 espécies que só existem na Chapada Diamantina. De acordo com Cezar, em breve será publicada uma lista completa e atualizada destes animais.
Selecionamos 24 espécies endêmicas descobertas, ou seja, que em todo o mundo só habitam a Chapada Diamantina e que a Ciência reconhece. Confira:
Exclusivo da Chapada Diamantina, é, sem dúvida, o pássaro mais famoso da região, segundo o biólogo Roberto Rodrigues. Tem cerca de nove centímetros de comprimento e apresenta uma mancha vermelha brilhante no pescoço, que se parece com uma gravata. Habita áreas superiores a mil metros de altitude, como o topo do Pai Inácio.
Descoberto pelo guia de turismo Luiz Krug, seu nome vem daí. Cego, ele se guia por suas três antenas. Com 4,5 cm de comprimento, em média, o peixe alimenta-se dos detritos encontrados na gruta – matéria orgânica, fezes de morcego e insetos.
Com 3,8 centímetros de comprimento é translúcido como o próprio nome indica. A carapaça é tão despigmentada que, posto contra a luz, podem-se ver sua musculatura e as vísceras. A espécie foi encontrada na gruta do Lapão, em Lençóis.
Mede 12 cm de comprimento. Segundo o Cômite Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), essa espécie é descrita a partir de uma série de espécimes coletados no Vale do Rio Cumbuca, em Mucugê, e áreas adjacentes.
O A. spinosa ganhou o nome de “espinhoso” em latim por causa das escamas com quilhas, protuberâncias que dão ao bicho uma aparência áspera. Os machos possuem poros característicos nas coxas e nos genitais, pelos quais são produzidas substâncias que, acredita-se, possam atrair parceiras ou marcar território.
Pode ser encontrado nos Gerais do Rio Preto em Mucugê. Quem sabe você veja um desses na sua viagem!
Os machos têm a coloração diferente da fêmea, com bandas pretas num fundo branco e uma mancha vermelha no meio do corpo. Durante a corte, os machos inflam uma bolsa abaixo da cabeça, o que rendeu à espécie seu nome popular: Papa-vento.
Espécie encontrada no município de Mucugê, de distribuição restrita ao platô dos Gerais de Mucugê, acima de 1000m de altitude, coberto por ambiente de Cerrado, Carrasco e Floresta Estacional.
Sabe aqueles mosquitinhos minúsculos que aparecem no final da tarde e que enchem nossa paciência? Então, existe uma espécie deles que só é possível encontrar na Chapada Diamantina! E não é só esta espécie de Borrachudo que vive na região. Segundo os pesquisadores Victor Landeiro, Mateus Pepinelli e Neusa Hamada, o PH e a altitude da região contribuem para a riqueza e distribuição dos Borrachudos na Chapada.
Estes pequenos animais são menores do que um polegar. Os machos medem entre 25,9 e 30mm e as fêmeas entre 28,9 e 32,2mm
Espécie encontrada na elevação de 1.100m em floresta semidecidual, sendo considerada de distribuição restrita e conhecida somente de dois registros na mesma localidade. A principal ameaça para a espécie é perda de hábitat (desmatamento) em decorrência da intensa atividade agrícola de larga escala.
Serpente encontrada no município de Morro do Chapéu a 1.000m de altitude.
Arbusto comum no campo rupestre, entre rochas da Chapada Diamantina, sendo identificada em Mucugê.
Procuradas antigamente para o comércio de flores ornamentais, as sempre-vivas são encontradas em áreas de montanha, especialmente na região de Mucugê. São flores belíssimas, que ocorrem comumente em campos de altitude e solo arenoso. A espécie está ameaçada de extinção e, por isso, sua coleta foi proibida. As Sempre Vivas são assim chamadas porque suas flores mantêm, mesmo após destacadas da planta, a mesma aparência que tinham antes.
Orquídea encontrada especificamente na Fazenca Angico em Morro do Chapéu, norte da Chapada Diamantina.
Essa espécie é majoritariamente epífita, isto é, crescem sobre as árvores; ostenta de uma a seis flores de coloração rosa forte, que abrem sucessivamente (até quatro simultâneas). Essa orquídea cresce em locais de sol forte e altitudes elevadas. A. miltonioides foi vista poucas vezes, sempre em locais de difícil acesso da Chapada Diamantina.
A batata-da-serra pertence à mesma família da batata doce e é encontrada nas serras da Chapada Diamantina. Este tubérculo não é plantado, apenas coletado nas serras pedregosas da Chapada e podem chegar a ter sete quilos num único tubérculo.
A coroa-de-frade ou cabeça-de-frade é um cacto de forma cilíndrica, com costelas bem acentuadas e com espinhos marrons numerosos.
Tem sua ocorrência restrita aos campos rupestres da Chapada Diamantina. Tem sido usada pelas comunidades locais como fumigante para o controle de infestação de pulgas e no tratamento de hemorróidas, dores nas articulações e sinusite.
Espécie de Bromélia encontrada na Chapada Diamantina.
Espécie de cacto que habita lugares pedregosos.
Na sua próxima visita, esteja atento e seja cuidadoso com animais e plantas pelos caminhos da Chapada Diamantina!