A bela cidade serrana foi vencedora do último concurso Cup of Excellence – Brasil 2016, categoria Pulped Naturals. O primeiro lugar foi para o café da Fazenda Santa Bárbara. E não foi só isso, Piatã ainda ficou com 9 das 10 primeiras colocações neste mesmo concurso. Por isso, podemos falar que, hoje, a cidade mais fria da Chapada e mais alta do Nordeste possui também o melhor café do Brasil.
Nossa série sobre o município não poderia deixar de apresentar esta importante cultura da cidade, então vamos conhecer mais sobre o turismo rural e a produção especial da segunda bebida mais consumida no mundo: o café.
Quem visita Piatã tem a oportunidade de vivenciar o mundo da cafeicultura, entender a diferença entre café especial e café gourmet, experimentar esta bebida tão saborosa e ainda curtir a natureza exuberante com cachoeiras e serras belíssimas.
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“Segundo a SCAA – Speciality Coffee Association of America (Associação Americana de Cafés Especiais), em termos de classificação, o café especial está acima do café gourmet. O Especial é um produto que apresenta um alto nível de qualidade, sendo, portanto, o resultado de um rigoroso controle de qualidade. E Piatã está produzindo este tipo de café.” Afirma Rodolfo Moreno, presidente da CooPiatã (Cooperativa de Cafés Especiais de Piatã).
“Piatã inteira deve produzir aproximadamente 13 mil sacas. Não estamos a nível competitivo em quantidade, nosso foco é a qualidade, e o resultado dos campeonatos estão aí para comprovar isto.” complementa Moreno.
A cidade mais fria da Chapada Diamantina, com pouco menos de vinte mil habitantes, iniciou o cultivo do café depois da queda do garimpo no século XIX. Como é o município mais alto do Nordeste, com 1268 metros de altitude, possui microclimas perfeitos para o desenvolvimento do fruto.
Muitos cafezais estão a 1400 metros de altitude, recebendo maior incidência de raios solares e poucas chuvas. Com baixas temperaturas, mas sem geadas, a maturação do fruto atrasa em quase dois meses, o que intensifica o sabor. “Os grãos de Piatã são frutados, elegantes e têm toque doce único”, segundo o especialista em café, o norueguês Tim Wendelboe. Com altitude e clima considerados ideais para a produção, a cidade chapadense possui um enorme potencial e diferencial em relação às outras cidades brasileiras.
“Essa altitude mudou todo o resultado para os cafés produzidos e, consequentemente, através dos concursos Brasileiros da “BSCA e Cup of Excellence” e também do concurso da Assocafé (Associação de produtores de Café da Bahia) trouxeram primeiramente o reconhecimento de altíssima qualidade e atributos únicos (bebida naturalmente adocicada, com notas de mel, rapadura, chocolate, toque de acidez cítrica lembrando a delicadeza do capim limão) e consequentemente a valorização do produto. Isto fez com que os produtores pudessem ter maior reconhecimento e condições de produzir cafés especiais”, comenta Silvio Leite, um dos mais conceituados classificadores de café do Brasil.
Não é à toa que o município já conquistou tantos prêmios nacionais e internacionais, além das 9 entre as 10 primeiras colocações do Cup of Excellence – Brasil 2016, categoria Pulped Naturals, como já falamos acima. “ Os produtores de Piatã descobriram que os diamantes estão acima e não embaixo da terra”, afirma Leite. No ano passado o café Fazenda Santa Bárbara chegou a vender uma saca por R$18.900,00, o recorde de venda no Brasil. “A venda foi efetuada para o Japão e Inglaterra”, explicou o guia local Francisco Valadares, especializado nos roteiros de café.
Aprender sobre o plantio, a colheita e torra conversando com gente simples e acolhedora é uma atração imperdível para quem gosta de viajar, por isso preparamos algumas dicas pra deixar qualquer um com água na boca e vontade de fazer as malas.
Já no centro da cidade, você poderá visitar a Cafeteria Rigno, o café mais premiado, chegando a ser tricampeão. Lá, você poderá curtir a vista da cidade em um ambiente aconchegante e apreciar um cardápio diversificado e delicioso.
Piatã é cheia de serras e morros com belas paisagens, um dos atrativos da região é curtir um pôr do sol na Serra da Tromba e degustar um café especial extraído na hora pelo barista Lucas Campos, que possui todo equipamento para preparar a bebida no meio da natureza.
Piatã possui aproximadamente 200 fazendas de cafés. A cidade fica entre duas serras, Tromba e Santana, o que torna a paisagem interessante de qualquer ângulo. Por isso, visitar as fazendas é um passeio belo e saboroso.
“Todos os produtores de café daqui são considerados pequenos produtores, o cultivo ainda é de agricultura familiar, pois nossas fazendas produzem no máximo 1.200 sacas por ano. Para ser considerado um grande produtor, uma fazenda deve chegar a 5 mil sacas.”, comenta o guia Valadares.
A maior parte dos cafezais está na BA-148, com acesso de carro, por isso, no caminho, você pode aproveitar para tomar um banho nas cachoeiras do Patrício ou Cochó. Saindo de manhã, por volta de 8h, dá para visitar uma pequena fazenda que produz o café Taperinha, classificado entre os 10 principais no último concurso Cup of Excellence Brasil 2016. “Pra mim, para se obter um café especial é preciso colher o fruto maduro, ter todo o cuidado para que nenhum café fermente no terreiro, para ter o melhor grão e não deixar nenhum defeito ir para a xícara. Eu acredito que Piatã tem um cinturão amplo de cafés especiais”, comenta Teo, produtor da Fazenda Riacho da Tapera. Um lugar bonito, no pé da Serra da Santana. Depois de conhecer o local, você pode degustar o café.
O almoço é no Rancho do Mané, com comida tradicional da Chapada como godó, bombô (cortadinho do coração da banana) e galinha caipira.
À tarde, nossa equipe seguiu para as fazendas São Judas Tadeu e Ouro Verde, do premiado Café Rigno. Lá, além de visitar a estrutura da fazenda, você pode apreciar um delicioso café colonial, na cafeteria Recanto do café, da carinhosa Dona Terezinha Rigno. É impossível sair de lá sem provar os bolos, chocolate quente, tapioca, panqueca, cuscuz, sequilhos e, claro… o café.
“Trabalhar com o café é divino, porque é uma magia muito grande, nós temos 37 anos dedicados ao café. E o café colonial foi feito para que a gente tivesse um lugar aconchegante para receber os turistas”, afirma Dona Terezinha Rigno. “Todas as pessoas que nos visitam são especiais como os nossos cafés, por isso estamos de braços abertos para receber todos que queiram conhecer a história do nosso café e que são apaixonados pelo café como a família Rigno”, finaliza sorrindo.
O encontro é na Igreja da Matriz, originária do século XVIII. Lá é feita uma rápida apresentação do passeio com intenção de vivência explicando um pouco da história do café no mundo, no Brasil e em Piatã. Este roteiro é para os declarados amantes da bebida. Todo passeio é acompanhado pelo barista, classificador e torrador de café Lucas Campos, que conversou com a equipe do Guia Chapada Diamantina.
“Percebi que não temos um turismo de café em Piatã. As pessoas que chegavam conheciam superficialmente o café daqui, por isso decidimos fazer um roteiro que contemplasse da planta até a extração e a degustação”, comenta Campos. “Por trás de toda fazenda existe uma família, e fazer um turismo de experiência numa lavoura de café é conhecer a cultura deste povo, é saber como estas pessoas plantam, como elas pensam seu café. Este roteiro permite que o turista entenda como a produção acontece”, complementa.
Seguimos para a comunidade Santa Bárbara, onde alguns dos grãos da região foram eleitos Cup of Excellence Winners e teve um de seus cafés como o grande vencedor do concurso 2016. Lá você terá toda a vivência no campo, conversando com alguns produtores, todos de agricultura familiar, fazendo a coleta do fruto no cafezal, acompanhando o processo de torra e finalmente… degustar um café que você mesmo ajudou a produzir! Vale muito a pena conhecer.
Para o médico e turista Helder Pereira, entender mais os detalhes e os segredos do café foi uma experiência única. “Eu não conhecia esta arte que é tão apreciada fora do Brasil. A vivência foi muito especial. Difícil falar qual parte do roteiro eu mais gostei, mas conhecer os segredos da torrefação foi muito maravilhoso, eu não imaginava que cada ponto, cada tempo do processo correspondia à arte de extrair o sabor da fruta. O Brasil precisa conhecer mais sobre o café de Piatã”, disse ele.
Como planejar sua viagem:
É sempre bom fazer as visitas com os guias de turismo locais. Separamos alguns contatos:
Outros contatos de locais citados na matéria:
Gostou das nossas dicas? Então, visite esta encantadora cidade chapadense e conte pra gente como foi!
E se você se interessou pelos cafés de Piatã, visite nossa loja virtual para encontrar alguns rótulos!
** A equipe de reportagem viajou a convite da Agência Na Altitude de Piatã e Prefeitura Municipal, com apoio da Secretaria de Turismo e trade local.
AGRADECIMENTOS:
Aos guias
Ricardo Xavier Pina, Ricardo Silva, Francisco Valadares, Autiere Trindade e Erialdo Oliveira, por todo apoio e informações.
E também
Associação Altitude Ambiental, Raimundo Mazzei, Lucas Campos e Maisa Nascimento, Rodolfo Moreno (Fazenda Ponte), Maria Helena (Fazenda Bicholândia), Antonio Rigno, Geraldo Lima, Carmem dos Santos, e tantos outros que colaboraram de algum modo com a nossa equipe.
APOIO:
Prefeitura Municipal de Piatã (77) 3479-2130
Secretaria de Meio Ambiente e Turismo (77) 99109-9129
Pousada Anchieta (77) 3479-2231 / 99155-3802
Pousada Chapada (77) 3479-2154
Restaurante e Pizzaria Armazém (77) 99118-3724
Fontes:
Foto de Destaque: Açony Santos